quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Gêneros Textuais

A rosa e a borboleta[1]

 

Uma vez uma borboleta se apaixonou por uma linda rosa. A rosa ficou comovida, pois o pó das asas da borboleta formava um maravilhoso desenho em ouro e prata. Assim, quando a borboleta se aproximou voando da rosa e disse que a amava, a rosa ficou coradinha e aceitou o namoro. Depois de um longo noivado e muitas promessas de fidelidade, a borboleta deixou sua amada rosa. Mas ó desgraça! A borboleta só voltou muito tempo depois.
- É isso que você chama fidelidade? – choramingou a rosa. – Faz séculos que você partiu, e, além disso, você passa o tempo de namoro com todos os tipos de flores. Vi quando você beijou dona Gerânio, vi quando você deu voltinhas na dona Margarida até que dona Abelha chegou e expulsou você... Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada!
- Fidelidade!? – riu a borboleta. – Assim que me afastei, vi o senhor Vento beijando você. Depois você deu o maior escândalo com o senhor Zangão e ficou dando trela para todo besourinho que passava por aqui. E ainda vem me falar em fidelidade!
Moral: Não espere fidelidade dos outros se não for fiel também.

1)      Pesquise um exemplo de gênero textual. Com base nos conceitos estudados e no exemplo escolhido, comente os seguintes tópicos:

a)      Identificação do gênero:

R: Fabula

b)      Intenção comunicativa veiculada:

R: é uma estória que conclui uma lição de vida capaz de contribuir para a formação de valores morais da criança já que ela é usada como diversão e entretenimento a qual ajudará a criança a manter uma vinculação efetiva com sua família e com o aprendizado em geral, pois é uma maneira prazerosa de desenvolver sua capacidade intelectual nas primeiras séries da educação básica pelo ato de ouvir e contar estórias.

c)      Canal: 

R: Livros didáticos, internet, jornais impressos, revistas, entre outros.

d)     Estilo:

R: Prosa ou Verso

e)      Conteúdo:  

R: A temática é variada: a vitória da bondade sobre a astúcia e da inteligência sobre a força, a derrota dos presunçosos, sabichões e orgulhosos, ou seja, conteúdo didático-moralista que veicula valores éticos, políticos, religiosos ou sociais.
 
f)       Composição:

R: Título composto pela referência às personagens; Narração em terceira pessoa; Personagens típicas; Os ensinamentos são apresentados como válidos para qualquer época e lugar; O desfecho, a moral da história, assume a forma de um aforismo[2] ou provérbio.

g)      Perfil do leitor:

R: Infantil

h)      Perfil do autor:

R: Escritor

i)        Seqüência textual predominante:

R: Narrativa






[1] http://www.metaforas.com.br/infantis/default.asp

[2]Sentença que em poucas palavras encerra um princípio moral. Ver: http://www.dicionarioinformal.com.br/aforismo/

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Análise do Filme: O Leitor de Stephen Daldry

Síntese: O Leitor se estrutura em dois personagens: Michael Berg (David Kross/Ralph Fiennes) e Hanna Schmitz (Winslet). Primeiramente temos uma rápida visão de Michael já adulto, em 1995. Depois é apresentado um momento do passado do personagem, em 1958, na Alemanha, quando ele, aos 15 anos, conhece, por acaso, uma mulher solteira de 35 anos que trabalha como cobradora de passagem de bondinhos, Hanna, e fica fascinado por ela. Os dois se envolvem em uma relação basicamente sexual, mas que, aos poucos, atinge o ponto sentimental. Hanna inicia Michael sexualmente. Ambos passam tardes juntos, deleitando-se corporalmente e através da literatura. Michael passa a ler várias obras literárias como: Horácio, Homero, Tolstói, Tchékhov, Schiller para Hanna, que fica simplesmente fascinada por estas. Entretanto, depois de um tempo, Hanna desaparece e Michael só torna a vê-la oito anos depois, quando ele é um estudante de direito e ela, uma acusada de nazismo. Na Siemens, era uma das encarregadas de selecionar mulheres para o campo de concentração e a morte.
Michael assiste aos depoimentos com a alma devastada. Ao mesmo tempo, no curso de direito, um professor indaga se países são governados pela moral ou pelas leis. É a culpa coletiva e a banalidade do mal.  Os responsáveis pelos genocídios nos campos de concentração têm mesmo culpa? E o professor questiona não a culpa moral, mas a culpa legislativa – como professo de Direito que é.  Durante a guerra, a Alemanha aceitava o genocídio dentro de suas normas legislativas. O que acontecia, segundo o professor, era simplesmente o cumprimento da lei. E se alguém tinha de ser condenado, deveria ser os responsáveis pela promulgação da lei.

Correlacionando textos:

A leitura é de capital importância para o indivíduo, através dela adquirimos diversos conhecimentos, ficando assim, enriquecidos com novos vocábulos e novas experiências. A leitura nem sempre se deu da forma como imaginamos, da maneira com a qual estamos acostumados: solitariamente, silenciosa e intimamente, de modo a não dificultar a concentração. Àquela época, essas idéias seriam execráveis. Simplesmente o fato de ler em silêncio já era, por demais, estranho. Era espantoso que se lesse sem oralizar, pois muitos nobres, do século IV d.C. ao século XIV, precisavam falar as palavras para compreender o texto.
Ainda mais esquisito, àquele tempo, seria essa intenção de que todos devem ler, e ler, sobretudo, romances, que poderiam comprometer a moral das mulheres. Acreditava-se que, lendo romances, elas corriam de se identificar com as personagens. Temia-se a proximidade estabelecida entre o real e o fictício. Chegou-se ao ponto de, na França, ser proposta uma lei que proibiria a criação, a edição e a circulação de romances.
Assim, como boa parte da Europa se preocupava em proibir e dificultar a leitura, as formas de leitura e as concepções sobre o ato de ler mudaram. Márcia Abreu aborda, em seu texto, “Diferentes Formas de Ler”, que a nossa idéia de ler está relacionada aos pensamentos e imagens construídos nos séculos XVIII e XIX. Os livros vêm, desde então, se tornando símbolo de alto intelecto e posição social. A maneira como as pessoas são retratadas em pinturas, com vários livros em volta, indicam suas vontades de evidenciar o íntimo.
O texto “Diferentes Formas de Ler" traz a ideia de diversidade de leituras assim como no filme, em que Michael ler para Hanna diversos tipos de textos, como revistas em quadrinhos, literatura erótica, sobretudo poesia e romances.
No texto de "Márcia Abreu", a autora relata sobre as mulheres de antigamente que tinham acesso controlado à leitura, havia um preconceito de que contos e romances poderiam ser prejudiciais, por causa da identidade estabelecida entre elas e as personagens que se propunham à desejos pecaminosos. No filme "O Leitor", também pode-se notar o preconceito em relação à mulher, nas cenas nas quais Michael aparece, quer seja no colégio, ou na faculdade, a predominância é masculina e durante as refeições em família, era o pai de Michael que determinava a decisão final.
A falta de leitura foi um fator agravante à condenação perpétua de Hanna. Analfabeta, envergonhou-se da sua condição intelectual e se viu obrigada a se acusar para não admitir o seu analfabetismo.

No texto Koch afirma que a leitura é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, em sua linearidade, uma vez que "tudo está dito no dito". Se, na concepção anterior, ao leitor cabia o reconhecimento das intenções do autor, nesta concepção, cabe-lhe o reconhecimento do sentido das palavras e estruturas do texto. Em ambas, porém, o leitor é caracterizado por realizar uma atividade de reconhecimento, de reprodução. No filme Hanna exerce a função de cobradora de bonde conferindo se os passageiros são portadores do ticket de transporte; mora em um simples apartamento, em um modesto bairro. Ele, ao contrário, pertencendo a uma família burguesa para a qual a educação é um capital muito valorizado mora em uma residência muito confortável. Na ocasião em que mantinham um caso amoroso, quando se encontravam, Hannah propunha a Michael que lesse para ela: Homero, Tolstoi, Dickens, Goethe. Vamos nos dando conta no decorrer da história, assim como o adolescente, de que ela não sabia ler e nem escrever, algo que lhe causava muito constrangimento e vergonha. O encantamento de Hannah diante do jovem leitor, certamente, não se dava, apenas, pela riqueza das obras, pela identificação com os dramas vividos pelas personagens. O que fascinava Hannah era a desenvoltura com que Michael lia sua capacidade de dar vida às palavras escritas, variando as entonações, as vozes, procurando assim ambientar as histórias, recriando cada cenário e apresentando à sua ouvinte atenta todo um universo de sentimentos e tramas. Ele lhe enviava gravações com a leitura das obras literárias que embalavam os encontros dos dois. Hannah, então, procurou os livros na biblioteca da cadeia e foi decifrando os textos com a ajuda da voz de Michael. Assim, tornou-se leitora e arriscou a escrever cartas ao “menino”, sempre pedindo uma resposta, um reconhecimento, algo que talvez a redimisse e lhe desse algum lugar no mundo dos homens.
Aquele que está se formando leitor precisa de mediação. O que nos aproxima dos livros não são eles em si, são as pessoas – daí a importância da mediação, assim a escola precisa despir-se da autoridade e se humanizar, partindo de uma valorização não apenas do aspecto cognitivo, mas também dos sentidos.
Ler não é hábito, é valor. A literatura é um objeto de fruição e reflexão. De estudo, de prazer, de espelhamento do ser humano sobre os embates da existência. A literatura deixa perguntas, não dá respostas e isto vai desenhando o mundo de outras formas.

Para a leitura do filme é necessário conhecimento do mundo, pois se entende toda a experiência de vida do leitor, tudo o que ele já viu, já leu, já ouviu, em sua vida. Muitas vezes o texto traz referências de coisas ou fatos ocorridos há tempos, ou fatos históricos, mitos, crendices, folclore, coisas enfim, que o escritor, na verdade, pretende dialogar com o leitor sobre elas, ou, trazer à lembrança do leitor esses fatos.  No filme vemos claramente Kate Winslet... Chegar à fase adulta sem qualquer alfabetização. Embora o filme não forneça elementos que expliquem o porquê da personagem, Hanna, chegar à fase adulta sem qualquer alfabetização, fornece elementos de sobra para construir um personagem que, devido à carência e vergonha causadas por esse analfabetismo, acaba por brutalizar-se e às suas relações.
O amor à leitura torna ainda mais intensa à vergonha pela condição de analfabeta e ela se vale de todas as oportunidades/pessoas para se aproximar desse universo proibido que sãos os livros.
Seus empregos, sua vida, suas relações... Tudo é pautado por essa ânsia de conhecimento das palavras, culminando por levá-la à prisão perpétua, não apenas para esconder um grande segredo, mas sua grande vergonha.

A leitura de romances apresenta como a fundamental fonte de conhecimento alem de que reforça a posição masculina como dominadora da intelectualidade essa observação pode ser notada em cenas do filme onde mostra o garoto como a fonte de conhecimentos acadêmico.

Existem três cenas com a intenção de re-significar a leitura sobre o leitor contemplativo, mediativo da obra de Santaella, pois ambos revelam a atração dos sentidos humanos pelo “universo letrado”.
A leitura pode ser circunstancial considerando-se a realidade de cada pessoa que lê ou ouve alguma história. O filme revela que embora não haja o domínio da língua falada ou escrita, há o fascínio pelo o quê se pode descobrir a partir do domínio da leitura, na cena 01 quando a mulher , Hanna Schmitz, passou a conhecer outras histórias a partir de um encontro ao acaso com o adolescente Michael Berg. A partir de então foi possível conhecer outras histórias da forma mais diversificada possível.
A possibilidade do ser humano se libertar, emancipar através da leitura dos signos e dos objetos, conseguindo ler nas entre linhas, ou seja, entendendo não só o que está revelado, mas o sentido do que está implícito ao que se quer dizer o afasta de uma posição vulnerável dos interesses que por vezes são alheios a sua própria vontade, conforme cena 02 quando a mulher confia seu destino a outra pessoa sem lhe revelar diretamente seu desconhecimento dos signos linguísticos. É importante notar que há uma troca de conhecimentos onde a mulher tem toda uma experiência de vida não só por ser mais velha do que o rapaz, mas por estar inserida em outro contexto familiar, econômico e social.
No início do filme (cena 01) foi possível assistir o uso de uma leitura acompanhada por uma articulação vocal, uma interiorização do texto pelo adolescente que fez uso da sua voz o corpo dos escritores lidos, enriquecendo-a com sua linguagem corporal de quem interpreta uma história, contudo a mesma retrata uma pessoa sem o domínio da língua escrita.
Neste momento, fazendo um contraponto com a obra de Santaella se faz necessário recordar que foi a partir da Idade Média com a evolução tecnológica do papel impresso quando se tornou possível a leitura silenciosa, contemplativa, reflexiva que possibilitaria idas e vindas sobre a obra e a evolução do pensar de forma mais sistematizada com o que se lê e se escreve. Este tipo de leitura que pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer hora implicando o leitor estar propício a se concentrar num outro “mundo” que o afasta do local em que se encontra fisicamente, ou seja, proporciona uma mobilidade a quem aparentemente permanece no mesmo lugar.
A partir do século XIX a presença dos livros em diversificados lugares trouxe a possibilidade de aumento do número de leitores de natureza mais variada possível propiciando uma relação íntima entre o leitor e o livro, leitura do manuseio, da intimidade, de acordo com Santaella “a leitura um ato de trabalho: por trás da aparente imobilidade, há a produção silenciosa da atividade leitora [...], pois o ato de ler é um processo complexo que envolve não apenas a visão e percepção, mas inferência, julgamento, memória, reconhecimento, conhecimento, experiência e prática”.
Em referência a cena 03, ler traz a recordação de outros livros, pinturas, outras artes, situações, sentimentos, desperta desejos, se revela num acúmulo de informações que avançam de acordo com o movimento contemplativo e de ruminância de cada leitor habitual. A imaginação tem a oportunidade de ir longe ou perto de acordo com a vontade do leitor que não sofre com as urgências do tempo permitindo-se retornar e re-significar o seu conhecimento.
O tipo de leitura irá variar conforme a intelectualidade e intencionalidade de cada leitor.

O texto "Leitura na intimidade" mostra o prazer vindo da leitura de acordo com o conforto corporal do leitor, trazendo assim, diversos leitores comentando sua preferência do local que lhe for conveniente para ler, além de abordar principalmente a cama como local de leitura, assim como no filme "O Leitor", Hanna, mulher mais velha com condição menos favorecida, cobradora, relaciona-se com um jovem, chamado Michael de 15 anos e, em seus encontros amorosos ela pedia para que ele lesse textos para ela. As leituras eram realizadas em diversos locais, mas geralmente eram feitas na cama, buscando assim um lugar íntimo e particular para mergulhar num mundo fictício e imaginário, havendo também uma relação não só no texto de Alberto Manguel, mas, também com o título que passa a ideia de privacidade.

Ler é essencial. Através da leitura, testamos os nossos próprios valores e experiências com as dos outros. No final de cada livro ficamos enriquecidos com novas experiências, novas ideias, novas pessoas. Eventualmente, ficaremos a conhecer melhor o mundo e um pouco melhor de nós próprios. A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro, no entanto isso acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito rotineiro as pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária, por exemplo.
O hábito de ler deve ser estimulado na infância, para que o indivíduo aprenda desde pequeno que ler é algo importante e prazeroso, assim com certeza ele será um adulto culto, dinâmico e perspicaz. Saber ler e compreender o que os outros dizem nos difere dos animais irracionais, pois comer, beber e dormir até eles sabem, é a leitura que proporciona a capacidade de interpretação.
A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. Segundo Angela Kleiman, a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.
Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê é alcançada, esses diversos tipos de conhecimento estão em interação.
Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio de mundo para a compreensão da leitura, podemos inferir o caráter subjetivo que essa atividade assume. Conforme afirma Leonardo Boff, 'cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isto faz da leitura sempre uma releitura. [...] ' Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Ler é, acima de tudo, compreender. Para que isso aconteça, além dos já referidos processamento cognitivo da leitura e conhecimentos prévios necessários a ela, é preciso que o leitor esteja comprometido com sua leitura. Ele precisa manter um posicionamento crítico sobre o que lê, não apenas passivo. Quando atende a essa necessidade, o leitor se projeta no texto, levando para dentro dele toda sua vivência pessoal, com suas emoções, expectativas, seus preconceitos etc. O único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor; é ele mesmo quem constrói as imagens acerca do que está lendo. Por isso ela se revela como uma atividade extremamente frutífera e prazerosa. Por meio dela, além de adquirirmos mais conhecimentos e cultura - o que nos fornece maior capacidade de diálogo e nos prepara melhor para atingir às necessidades de um mercado de trabalho exigente -, experimentamos novas experiências, ao conhecermos mais do mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos, já que ela nos leva à reflexão. E refletir, sabemos, é o que permite ao homem abrir as portas de sua percepção. Movido por curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem se renova constantemente, tornando-se cada dia mais apto a estar no mundo, capaz de compreender até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo e seu horizonte de expectativas.
Como afirma Daniel Pennac[1], "o verbo ler não suporta o imperativo". Quando transformada em obrigação, a leitura se resume à simples enfado. Para suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac prescreve alguns direitos do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou, até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da mesma forma, passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo indissociável. A leitura passa a ser um imã que atrai e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele, por sua vez, não deseja desprender-se.



                 






[1] PENNAC, Daniel (1998). Como um Romance. Tradução de Leny Werneck. 4ªed. Rio de Janeiro: Rocco.

sábado, 15 de outubro de 2011

Leitura como atividade produtora de sentidos

CERÂMICA
(Drummond)

Os cacos da vida, colados,
formam uma estranha xícara.

Sem uso,
ela nos espia do aparador.

O poema de influência cubista permite ver nos objetos a incorporação metafórica da inutilidade da vida.  Comparando com a existência humana, fragmentada em fatos do cotidiano, tais quais “os cacos da vida”, com que o poeta constrói “uma estranha xícara”, percebe-se a condição humana diminuída à inutilidade de um objeto qualquer. O poema concebe a vida sob a ótica do engessamento, porque cerâmica, ou seja, ser engessado, preso pelo sistema que conduz a vida ao determinismo desta sociedade alienante.
Se o determinismo é verdadeiro para tudo o que acontece, já estava determinado antes de nasceres que havias de escolher o bolo. A tua escolha foi determinada pela situação imediatamente anterior, e essa situação foi determinada pela situação anterior a ela, e assim sucessivamente, até ao momento em que quiseres recua (Thomas Nagel - Que quer dizer tudo isto?, p. 49-50 o)”.
De acordo com esta realidade, tem seu livre arbítrio aniquilado; assim, a saída é aceitar os padrões estabelecidos pela sociedade moderna e, dessa forma, ocupar o seu espaço em uma de suas esferas.
Então no poema, o homem é apenas uma peça no aparelho de engrenagem que transforma o mundo, sem grandes expectativas de mudança. E como objeto, pronto para ser substituído a qualquer momento, da mesma maneira que uma xícara é trocada por outra quando quebrada.
Assim como disse em seus versos: “uma estranha xícara/ Sem uso ela nos espia do aparador” – está a vida a nossa volta, espiando-nos também e mostrando para nós o quão pouco aproveitamos dela.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

De Magister: Sacrifício e Aborto - Sinônimos?

De Magister: Sacrifício e Aborto - Sinônimos?:
Esse texto surgiu depois de uma semana onde duas coisas sobre um mesmo assunto me ocorreu, bebês. Recebi uma ligação de meu pai que me trouxe uma boa-nova, a minha irmã mais velha está gravida, seu primeiro filho, meu segundo sobrinho. A outra coisa foi um vídeo que assisti sobre o mundo antigo e de como certas civilizações tinha por costumes sacrificar bebês, geralmente os primogênitos para algum de seus deuses.

Ao ver o vídeo que tratava de questões arqueológicas e imagens que retratavam como ocorriam os sacrifícios, me perguntei - como isso é possível, tamanha crueldade com um ser tão indefeso? E essa indagação me trouxe para cá, hoje, nossos dias, onde milhares de seres inofensivos e indefesos são “sacrificados” em nome do conforto individual, ou mesmo populacional; ou em nome de algum ato deplorável contra a mulher como, por exemplo, o estupro que levou a gravidez. Nos mais possíveis casos tem dois em especial que ao menos vemos a possibilidade de compreender e penso que entre necessariamente em uma discussão coerente sobre o aborto. Aqueles infantes que já estão mortos no ventre materno, ou aqueles caso onde a vida da mãe depende da morte do bebê e vice-versa. Nos demais casos dirijo minhas críticas.

Acho interessante como esse assunto apesar de tão visível, pois eu conheço pessoas que já abortaram e você provavelmente conhece ou conhecerá alguém que já o fez, é pouco abordado, quase esquecido. Estamos falando de vidas pequeninas, que nem ao menos podem gritar ou chorar, pois não serão ouvidas, diferentemente dos bebês que eram sacrificados na antiguidade a um deus qualquer, ao menos elas podiam gritar, hoje sacrificam-nas no silêncio daquele espeço que deveria ser abrigo seguro, o ventre maternal. Por que? Por que elas precisam morrer? São menores do que nós? São menos humanos? São objetos descartáveis? São descoforto ou “problema” para sua vida? Mesmo nos casos de estupro onde o espaço privado e sacro da mulher é invadido de forma aterrorizante, não justifica o sacrifício do pequeno ser que viveu. E olha que digo isso tendo irmã e mãe.

Vejo que hoje, assim como antes, o sacrifício em alguns casos é até proposto pelo governo, exemplo da China que já sacrificou e ainda sacrifica milhares de crianças em nome de uma redução populacional. Matamos ao matar, e matamos ao silenciarmos a anormalidade dessa pervesidade chamada aborto. Os bebês não podem se defender por si mesmos, muitas vezes ninguém ouve o seu choro, mas sei que Deus o doador da vida é vingador e defensor dos fracos e dos oprimidos, dos menores deste mundo, os indefeso os ouve. Percebo isso na antiguidade e verei de certo em nossos dias também.

domingo, 3 de julho de 2011

O Papel da Educação


A concepção de educação como meio de ascensão social, de erradicar a pobreza e minimizar a violência concede à escola um papel primordial que é valorizado no âmbito nacional e internacional. No entanto, dados do INEP/MEC dão amostras de que, no Brasil, a realidade não é condizente com o discurso oficial e com as afirmações advindas das famílias de todas as classes sociais com relação à importância da educação na formação do individuo: o ano de 1998 para 1999 teve uma taxa de 4,5% de evasão, o índice total de retenção nas escolas públicas e particulares foi de 21,3% e a retenção apresentou uma taxa altíssima de 40,1% na 1ª série; além dos milhões de jovens que são analfabetos e dos analfabetos funcionais cujo número se desconhece. Pode-se observar também uma função seletiva na escola que favorece o surgimento de uma hierarquia entre os indivíduos e que reflete a estrutura social, fato este que já era tido como evidente pela tradição sociológica funcionalista. Segundo Collins, a educação transmite algo diferenciado dos conhecimentos objetivos, desenvolvendo realidades diferentes das capacidades operatórias culturalmente neutras. Para ele a educação impõe uma cultura particular, ou seja, a cultura de que o grupo dispõe. Bowles e Gintis também valorizaram a dimensão cultural e ideológica da educação e da seleção escolar enquanto base e transmissor estrutural da reprodução social. É na escola, segundo eles, que os indivíduos aprendem a pontualidade, o respeito pela autoridade (extra familiar), a responsabilidade em relação ao cumprimento de tarefas, a questão da recompensa, sendo ela também responsável pela preparação de alguns alunos para exercerem responsabilidades no sistema de produção, e outros para obedecer e executar tarefas. Assim, para diferentes classes e grupos sociais, diferentes conhecimentos (no que se refere à quantidade e qualidade), habilidades diferentes (para o comando ou para a obediência), tornando legítima a cultura dominante e preparando de modo diferenciado para o trabalho de acordo com a classe social, com a raça e também com o gênero.
Vivemos uma época em que a consciência de que o mundo passa por transformações profundas é cada dia mais forte. Esta realidade provoca em muitas pessoas e grupos, sentimentos, sensações e desejos contraditórios, ao mesmo tempo de insegurança e medo, potenciadores de apatia e conformismo como também de novidade e esperança, mobilizadores das melhores energias e criatividade para a construção de um mundo diferente, mais humano e solidário.   
Globalização, multiculturalismo, pós-modernidade, questões de gênero e de raça, novas formas de comunicação, informatização, manifestações culturais dos adolescentes e jovens, expressões de diferentes classes sociais, movimentos culturais e religiosos, diversas formas de violência e exclusão social configuram novos e diferenciados cenários sociais, políticos e culturais. Estes fenômenos se interpenetram em processos contínuos de hibridização.
A escola não pode ignorar esta realidade. O impacto destes processos no cotidiano escolar é cada vez maior. A problemática atual das nossas escolas de primeiro e segundo graus, particularmente as das grandes cidades, onde se multiplicam uma série de tensões e conflitos, não pode ser reduzida aos aspectos relativos à estruturação interna da cultura escolar e esta necessita ser repensada para incorporar na sua própria estruturação estas questões e novas realidades sociais e culturais.
A reflexão sobre o papel da educação em uma sociedade cada vez mais de caráter multicultural, é recente e crescente no nível internacional e, de modo particular, na América Latina. No entanto, a gênese desta preocupação obedece a origens e motivações diferentes (sociais, políticas, ideológicas e culturais) em diversos contextos, como o europeu, o norte-americano e o latino-americano. De qualquer modo, é a própria concepção da escola, suas funções e relações com a sociedade, o conhecimento e a construção de identidades pessoais, sociais e culturais que está em questão.
Torna-se imprescindível hoje incorporar as questões relativas à desnaturalização da cultura escolar e da cultura da escola na reflexão pedagógica e na prática diária das nossas escolas.
Os professores manifestam perplexidade e insegurança diante da problemática atual do cotidiano escolar. A instituição escolar está construída sobre a afirmação da igualdade, enfatizando a base comum a todos os cidadãos e cidadãs. Como articular a igualdade com a diferença, a base comum com as expressões da pluralidade social e cultural, constitui um grande desafio. É a discussão sobre estas questões, articuladas com a reflexão sobre os processos de mudança cultural e social que estamos vivendo que permitirá ir reconstruindo o papel da escola, a cultura e a cultura da escola. 
Esta abordagem apresenta um amplo horizonte, especialmente desafiante e enriquecedor, para o desenvolvimento da pesquisa e do debate sobre as questões relativas ao papel da escola na nossa sociedade, às relações entre muiticulturalismo e educação, o cotidiano escolar e a formação de professores.
O fato é que as experiências de educação multicultural, utilizando diferentes abordagens e metodologias, se vêm multiplicando no contexto europeu e norte-americano, assim como uma ampla produção acadêmica vem se desenvolvendo, acompanhada da promoção de pesquisas na área. 
Na busca de caminhos nesta perspectiva, um dos desafios fundamentais pode ser sintetizado na seguinte afirmação de Boaventura Souza Santos (1995), que considerado de especial relevância e que explicita e sintetiza o horizonte no qual nos situamos:

"Temos de articular políticas de igualdade com políticas de identidade" "Temos o direito de ser igual sempre que as diferenças nos inferiorizam; temos o direito de ser diferente, sempre que a igualdade nos descaracteriza" (Jornal do Brasil, 10/9/95)     
Nesta articulação se condensa o desafio radical de promover uma educação intercultural crítica na nossa sociedade, em que estamos vivendo processos complexos de transformação, multidimensionais, profundos e contraditórios. Hoje, urge ampliar este enfoque e considerar a educação intercultural como um princípio orientador, teórica e praticamente, dos sistemas educacionais na sua globalidade.
Por fim, qualquer que seja o ângulo pelo qual observemos a educação, ela nos apresentará características fundamentais para o desenvolvimento do ser humano como um todo, reafirmando seu papel nas transformações pelas quais vêm passando as sociedades contemporâneas e assumindo um compromisso cada vez maior com a formação para a cidadania.
Torna-se imprescindível, portanto, que façamos sempre uma conexão entre educação e desenvolvimento, pensando sempre no desenvolvimento que educa e em uma educação que desenvolve, afim de termos uma sociedade mais democrática e justa. Pois uma educação que carrega em seu bojo a utopia de construir esta sociedade enquanto forma de vida e sistema social, tem como temas constitutivos o poder e o desenvolvimento integral do ser humano.

Continuação - Leitura e Escrita


Objetivo Geral
Elevar o nível de aprendizagem do alunado, nas diversas áreas do conhecimento priorizando a leitura, interpretação e a escrita como fonte de formação e informação. E  ainda possibilitar aos estudantes para serem um usuário competente da escrita e da leitura é, cada vez mais, capacitá-los para uma efetiva participação social.
Objetivo(s) Específico(s)
ü  Estimular de forma criativa, a formação do hábito de leitura e escrita, explorando a intertextualidade através de textos orais e escritos nas diversas disciplinas.
ü  Promover em sala de aula a prática de produção de textos, favorecendo o desenvolvimento do aluno no que se refere ao domínio ativo da linguagem oral e escrita.
ü  Promoção de ações que estimulem o interesse dos alunos pela utilização das bibliotecas escolares existentes, disseminando o potencial desse espaço nas escolas onde o processo de aquisição do acervo bibliográfico está em curso.
ü  Incentivar o gosto por vários tipos de leitura.
ü  Valorizar a cultura popular e suas diferentes manifestações existentes na comunidade e na própria escola (alunos, professores e gestores).
ü  Divulgar, na escola, obras dos grandes escritores da literatura brasileira tais como: Machado de Assis (Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas), Álvares de Azevedo (Lira dos Vinte Anos, Noite na Taverna), Monteiro Lobato (O saci, Pica Pau amarelo), Mário Quintana (poeta), Euclides Da Cunha (Os Sertões, À Margem da História)
ü  Desenvolver a competência comunicativa através de dramatizações de obras literárias.
ü  Potencializar o processo de leitura com relação a educação e multimídias.
Revisão de Literatura
Ensinar é dar condições ao estudante para que se aproprie do conhecimento historicamente construído e se insira nessa construção como produtor de conhecimentos. Ensinar é ensinar a ler para que se torne capaz dessa apropriação, pois o conhecimento acumulado está, em grande parte, escrito em livros, revistas, jornais, relatórios, arquivos. Ensinar é também ensinar a escrever, porque a produção de conhecimento se expressa, no mais das vezes, por escrito.
A análise das questões sobre a leitura e a escrita está fundamentalmente ligada à concepção que se tem sobre o que é a linguagem e o que é ensinar e aprender. E essas concepções passam, obrigatoriamente, pelos objetivos que se atribuem à escola e à escolarização.
Enfatizar as práticas discursivas de leitura e escrita como fenômenos sociais que ultrapassam os limites da escola. Partir do princípio de que o trabalho realizado por meio da leitura e da produção de textos é muito mais que decodificação de signos lingüísticos, ao contrário, é um processo de construção de significado e atribuição de sentidos. A leitura e a escrita são atividades dialógicas que ocorrem no meio social através do processo histórico da humanização.
O professor é aquele que apresenta as diferentes possibilidades de leitura: tudo e mais um pouco! Livros, poemas, notícias, receitas, paisagens, imagens, partituras, sons, gestos, corpos em movimento, mapas, gráficos, símbolos, o mundo enfim. Ele poderá contribuir no desenvolvimento da capacidade de interpretar e estabelecer significados dos diferentes textos, criando e promovendo variadas experiências, situações novas, que levem a uma utilização diversificada do ler/escrever. Isso tornará possível a formação de uma geração de leitores capazes de dominar as múltiplas formas de linguagem e de reconhecer os variados e inovadores recursos tecnológicos, disponíveis para a comunicação humana no dia a dia.
Soares, 1995:73 - A função primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciarem aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os alunos atuem, criticamente em seu espaço social.
A noção textual usualmente presente na escola empobrece o trabalho com a leitura/escrita, pelo fato de tratar de maneira idêntica qualquer texto, desconsiderando suas especificidades e intenções.
Para que haja mudança no quadro é necessário que o professor passe a olhar a produção escrita do aluno não atrás de erros, atentando apenas para a linearidade do texto, mas buscando ver o significado e as formas de construção desse significado.
Cagliari,1989: 48 - Os que se baseiam em uma visão tradicional da leitura e da escrita continuam a ver o aprendizado dessas práticas como o acesso às primeiras letras, que seria acrescido linearmente do reconhecimento das sílabas, palavras e frases, que , em conjunto, formariam os textos, e, após o conhecimento dessas unidades, o aluno estaria apto a ler e a escrever.
É função do professor fornecer ao aluno condições adequadas de elaboração, permitindo-lhe empenhar-se na realização consciente de um trabalho lingüístico que realmente tenha sentido para si, e isso só é conseguido à medida que a proposição de produção textual seja bem clara e definida, apresentando-se as “coordenadas” do contexto de produção. É necessário que o aprendiz possa sentir que realmente está produzindo para um leitor (que não deve ser apenas o professor), eliminando a exclusividade das situações artificiais de produção textual tão presentes no cotidiano da escola.
Piaget na pesquisa que realizou quanto à linguagem classificou-a em dois grupos: o egocêntrico e o socializado. Na fala egocêntrica a criança fala para si, como se estivesse pensando alto. Não se preocupa em saber se alguém ouve, geralmente fala do que está vendo ou acontecendo com ela num determinado momento. Na fala socializada a criança tenta realizar uma espécie de comunicação com os outros: faz perguntas, pedidos, ameaças, transmitem informações. Aos sete ou oito anos, manifesta-se na criança o desejo de trabalhar com outros, a fala egocêntrica desaparece. E mais do que isso, para Piaget até mesmo a fala social é representada como subseqüente e não anterior à fala egocêntrica. Partindo assim do “pensamento autista não verbal” à “fala socializada”.
Eglê Franchi nos dá caminhos para percebermos as variações da língua sem desrespeitá-las. Através de exercícios de produção de textos. Fazendo com que os alunos percebam que há diferentes dialetos, que não podem ser considerados errados, mas que, para determinadas ocasiões, devemos usar a norma culta, e por isso, a necessidade em aprendê-la. Da mesma maneira a linguagem escrita não deve ser imposta, como faz a escola, mas sim, com a conscientização de que quanto melhor for nossa linguagem, seja ela oral ou escrita, melhor será seu desempenho na sociedade. Com uma linguagem aprimorada podemos expressar nossos sentimentos de maneira clara, fiel e precisa, estamos em melhores condições de assimilar conceitos, de refletir, de escolher e de julgar. Garantia do desenvolvimento escolar e do sucesso na vida.
Segundo Magda Soares:
“Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas,  lingüísticas e psicolingüísticas de leitura e escrita,  a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização,  e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização.”
Do mesmo modo que a leitura, a escrita também tornam-se uma obrigação na vida das pessoas, e mais do que a leitura, é traumatizante. Há uma diferença muito grande entre falar e escrever. Geralmente não apresentamos problemas o falarmos a não ser na expressão formal. Os problemas começam a surgir quando temos que produzir textos. Sempre fomos ensinados que escrever bem é escrever certo, é obedecer regras e normas da escrita, e jamais cometer erros ortográficos. Isso tudo, poda nossas idéias e a nossa criatividade. Por isso, a todos os momentos escutamos as pessoas falando que não sabem escrever, que não conseguem pôr suas idéias no papel. Já falou Fernando Sabino:
“O principal é se exprimir bem, e que a linguagem seja eficaz, e eficiente para transmitir uma determinada idéia”
Paulo Freire pensava a escola como um espaço democrático, construído em conjunto com pais e a comunidade e associado à realidade do local.
 “Quanto mais abrir a escola, desafiar os estudantes... Tudo o que a gente fizer os que vivem a escola a participarem, a tomar o destino do espaço ainda é pouco do tanto que a gente precisa para cuidar do País.”
É importante que o professor saiba que existem muitas variações dialetais, e principalmente, deve conhecer muito a respeito de linguagem e estar ciente de como se dá o processo de aquisição lingüística. Necessário para que as crianças deixem de ser unicamente “falante” de uma língua para tornarem-se leitores e escritores. Pois sabemos que a aprendizagem da leitura e da escrita faz desenvolver formas particulares de interagir, de se expressar e assumir crítica e criativamente função de sujeito de sua linguagem, seja falando ou escrevendo, lendo ou interpretando.
Considero que muitas das dificuldades de aprendizagem que preocupam os professores, surgem quando os adultos não compreendem ou não dão valor às construções da criança. Se o conhecimento da criança não é valorizado, elas não vão valorizar-se a si mesmas como leitoras, escritoras e como sujeitos que aprendem e isto interferirá em sua própria aprendizagem.
Precisamos oferecer às crianças múltiplos caminhos e estratégias para que possam apropriar-se da leitura e da escrita, aproveitando todos os conhecimentos que possuem e todas as perguntas que possam ocorrer. Elas aprendem a ler e escrever na medida em que são capazes de integrar diversas estratégias, utilizando todas as informações oferecidas. Integrando a língua escrita e oral ao longo de toda jornada escolar em todas as atividades possíveis, a criança por si mesma a integrará de forma natural em sua vida.
Metodologia
ü  Ler e escrever se aprende lendo e escrevendo, vendo como as outras pessoas lêem e escreve e é claro, errando. Os erros, no começo da aprendizagem da escrita devem ser tratados como naturais no processo de exploração que a criança realiza com a linguagem, do mesmo modo que entendemos os erros quando a criança começa a falar.
ü  Trabalhar conteúdos na área de leitura e escrita, buscando desenvolvimento de um trabalho alternativo.
ü  Criar espaço de interlocução em que se reflita sobre o processo de aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita.
ü  Desenvolver a reflexão em torno da problemática do ensino da leitura e escrita em suas especificidades, discutindo as alternativas existentes e as possibilidades de integrar teoria e prática.
ü  Desenvolver hábitos de colaboração e trabalho em equipe, desenvolver práticas investigativas, utilizar novas metodologias, estratégias e matérias de apoio.
É fundamental que o professor tenha um real interesse em conhecer não só as novas metodologias, como também as teorias que as fundamentam. A sociolingüística tem dado contribuições relevantes para o ensino de língua portuguesa nas escolas, entre outras, pela ampla discussão da questão dos níveis de letramento nas comunidades urbanas em vias de desenvolvimento. A análise textual contribui com a metodologia da leitura e da produção escrita ao trabalhar a tessitura do texto, salientando os elementos coesivos como suporte da estrutura global de coerência, e ao analisar os processos sócio-comunicativos que entram na construção da leitura. E ainda, a análise do discurso contribui para a compreensão dos processos de significação, explicitando as condições de produção da leitura, compreensão que supõe uma relação com a cultura, com a história, com o social e com a linguagem, que é atravessada pela reflexão e pela crítica. O trabalho de pesquisa deve, sempre que possível, ser desenvolvido em equipe. É importante ensinar o aluno a trabalhar de forma coesa e participativa.
Recursos humanos e materiais
ü  Dicionário tradicional.
ü  Quadro e piloto
ü  Micro system
ü  DVD
ü  Livros literários
ü  Aulas de reforço
ü  Biblioteca
ü  Módulo com conteúdo
ü  Comunidade
ü  Gestores
Cronograma
Mês
Atividades para desenvolver



Novembro

1 – Apresentação da disciplina
2 – Leitura e interpretação
3 – Atividades extraclasses
4 – Projeto – Hábito de leitura
5 – Produções de texto
6 – Oficinas de escritas
7 – Realizações de testes e provas

Resultados esperados
ü  Conscientização dos processos de leituras em todos os âmbitos escolares.
ü  Conscientização dos processos de leituras em toda a comunidade.
ü  Interagir com os alunos da escola, participar das leituras, reflexões e planejamentos das atividades docentes e propiciar contato com a rotina escolar prevista na graduação.
ü  Diminuição da evasão e repetência escolar
ü  Melhorar o domínio da leitura e da escrita.
ü  Fazer com que reconheçam que a leitura, a escrita são necessárias para todo o seu desenvolvimento.
ü  Implementar cada vez mais o hábito de utilização da biblioteca como centro de recursos.
ü  Fazer com que as novas tecnologias sejam utilizadas com eficácia.
ü  Aumento da concentração e atenção a cada encontro com a leitura. A proposta incidiu na leitura por prazer pelo fato de ser apresentada desvinculada de outras atividades escolares (como desenhos, colagens e outros);